Que a limpeza sempre foi importante dentro da oficina, ah!, isso sempre foi. Embora tenha sido negligenciada por alguns durante muito tempo. E essa negligência causou problemas. Sim, a sujeira pode trazer muitos problemas de saúde ao “Guerreiro das Oficinas”. Deixando de lado a qualidade do serviço e a produtividade da oficina – que aumentam muito quando o ambiente é limpo –, existem inúmeros casos de mecânicos que contraíram infecções, alergias e, até mesmo, doenças mais graves como o tétano, devido à falta de limpeza no ambiente de trabalho.
Triste, porém verdade. E por incrível que pareça, nos dias de hoje, mesmo diante de tanto acesso a informação, ainda é possível encontrar alguns mecânicos que insistem em trabalhar como “bolinhos de graxa” e se recusando a utilizar equipamentos de proteção individual (EPI). As desculpas são as mais variadas. Mas não é o momento de falar a respeito disso.
É verdade que para muitas dessas doenças já existe tratamento (antibióticos) ou, mesmo, uma vacina. Além do mais, a contração de muitas delas está associada a uma condição específica (foco).
Só que surgiu um novo inimigo: a Covid-19. Este é nome da doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 ou “novo coronavírus”. Um inimigo muito mais perigoso do que os anteriores.
Por quê? Simples: essa doença ainda não tem um tratamento medicamentoso 100% comprovado – pelo menos até o momento em que este artigo foi escrito e publicado. Se o paciente atinge a condição de “estado grave”, ele sofre, mas sofre muito mesmo. Ficar preso a uma cama de UTI, isolado do mundo e respirando por aparelhos por vários dias não deve ser uma experiência nada agradável.
Em alguns casos, principalmente nos grupos de risco, onde se encontram os idosos e portadores de doenças preexistentes, ela pode ser fatal. E nesse caso, o corpo é incinerado, sem que seja permitido a realização de um velório e funeral. Os familiares não têm sequer a oportunidade de se despedir de seu ente querido.
Isso sem falar que essa doença é muito mais “sorrateira”. Esse vírus se propaga com maior facilidade, pois não depende especificamente de sujeira.
De acordo com estudo de cientistas de diversas universidades americanas publicado no New England Journal of Medicine, esse vírus pode sobreviver sobre superfícies de aço inoxidável e plástico por até 72 horas, superfícies de papelão por até 24 horas e suspenso no ar por até 3 horas. Em tecidos, ele pode sobreviver por até 96 horas. Resumindo: um objeto aparentemente limpo pode estar contaminado.
Apesar de se dizer por aí que o SARS-CoV-2 se propaga com mais facilidade no frio, ainda não existe ainda um consenso científico sobre a temperatura que desativa o vírus.
Não bastasse, existem pessoas que portam e transmitem o vírus e não apresentam qualquer sintoma. Uma tossida, um espirro descuidado ou uma simples contato com gotículas de saliva em sua proximidade… Você entendeu.
SÓ EXISTE UMA MANEIRA DE SE PROTEGER: LIMPEZA
Mas, sobretudo, a desinfecção. Uma atividade pouco corriqueira para o ambiente das oficinas que continuam funcionando – em quase todos os Estados brasileiros, a atividade foi considerada como essencial e não foi incluída na quarentena. Mas desinfectar a oficina é algo complicado? Nem tanto.
Tirar o cliente de dentro da oficina, com o serviço leva e traz, com certeza diminui bastante o risco de contaminação do mecânico e da sua equipe. Afinal de contas o maior fator contaminação ainda é o contato pessoal (ou social): um simples aperto de mão, seguido de uma passada de mão no rosto pode significar contração da doença.
No entanto, mesmo mantendo o cliente longe o risco continua, pois, o vírus pode estar “quietinho” dentro do habitáculo do veículo, esperando “ansiosamente” um novo hospedeiro. Se o cliente infectado tocou nos controles internos do veículo por um período inferior a 72 horas e o mecânico foi buscar o carro e voltou dirigindo ou mesmo apenas manuseou a maçaneta da porta… Altíssimo risco de contaminação.
Mas como fazer, então? Levar um pulverizador tipo mochila (daqueles utilizados para espargir defensivos agrícolas) nas costas até a casa do cliente e desinfetar todo o carro (por fora e por dentro) antes de tocar nele? Bem, seria inconcebível. Além do mais, certos desinfetantes podem atacar o acabamento do veículo, daí, já sabe… Prejuízo na certa. O melhor a fazer é tomar medidas mais eficazes e menos escandalosas.
AO MANUSEAR UM VEÍCULO:
– Utilize luvas plásticas descartáveis. São muito baratas, discretas, eficientes e não incomodam para dirigir. Chegando ao interior da oficina (longe dos olhos do mundo), desinfete as partes de risco do veículo (aquelas que necessariamente precisam ser tocadas durante o serviço), antes de dar acesso ao mesmo à equipe e descarte as luvas. Se manusear o veículo para um teste ou mesmo entrega, calce um novo par de luvas.
– Utilize capas plásticas descartáveis sobre o banco do motorista e/ou do passageiro (caso precise levar alguém junto para um teste). Assim como as luvas, são baratas, discretas e não incomodam. Como são impermeáveis, mantenha-as sobre os bancos durante todo o tempo, até a entrega do veículo.
– Nada de usar o ar-condicionado do veículo. Janelas abertas.
– Use máscara dentro do veículo.
– Use um bom desinfetante: eficiente, mas que não provoque alergia e não ataque nem a sua pele nem o acabamento do veículo. Não economize neste ponto.
AO LIDAR COM PESSOAS:
– Mantenha uma distância de segurança de pelo menos 1 metro. Nada de cumprimentos acalorados com abraços. Evite até mesmo o aperto de mão sem o uso das luvas descartáveis.
– Use máscara, também. Mesmo que apenas máscaras mais avançadas tenham poder de filtragem suficiente para prevenir a inalação do SARS-CoV-2, seu uso é recomendado como mais uma barreira de proteção. O vírus pode se propagar no ar expelido pelos pulmões da pessoa infectada. Isso sem falar daqueles que “falam cuspindo”. Se for usar máscara de pano, coloque-a para lavar após duas horas de uso.
– Use luvas plásticas para manusear qualquer objeto recebido de outra pessoa. Desinfete-o assim que possível.
CUIDADOS PESSOAIS:
– Lave e desinfete as mãos sempre que tocar em algo que implique em risco de contaminação sem as luvas descartáveis.
– Lave e desinfete as mãos antes de comer ou beber algo.
– Evite tocar o rosto. Se não houver outro jeito, desinfete as mãos antes.
– Nem pense em compartilhar copos, talheres, bocas de garrafas ou mesmo cigarros.
– Tome banho quente antes de ir para casa. Muita água a sabão nessa hora.
– Roupa de trabalho não vai para casa e vice-versa. Se possível, deixe as roupas civis em local protegido, longe das de trabalho.
Por Fernando Landulfo
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