segunda-feira, 6 de julho de 2020

Manutenção preventiva: Como cuidar de um carro parado?

Manutenção preventiva carro parado

Deixar o veículo estacionado por muito tempo sem o cuidado devido pode causar problemas; saiba como orientar seu cliente a evitá-los

 

Automóvel é feito para rodar. Mas no mês de março deste ano muita gente se viu obrigada a deixar o carro na garagem por causa do isolamento social para combater a Covid-19. Se por um lado a recomendação de não se locomover de um lugar para outro, neste momento de pandemia, ajuda a preservar a saúde do ser humano, por outro, prejudica o veículo, que não deve ficar parado por muito tempo sem rodar.

Mesmo que o veículo não rode pelo menos alguns quilômetros por semana, o professor de engenharia da FMU, Fernando Landulfo, recomenda o funcionamento do motor e a execução de algumas manobras, a fim de proporcionar a lubrificação dos componentes internos dos conjuntos primários (como motor, câmbio, diferencial, caixa de direção), na temperatura normal de trabalho, movimentação de rolamentos em geral e sua graxa lubrificante. Rodar com o veículo também auxilia na movimentação da bomba dentro do tanque, dos injetores de combustível e do compressor do ar-condicionado, repõe carga na bateria e evita que os pneus fiquem parados com carga apenas em um ponto, o que pode deformá-los (evita o efeito “pneu quadrado”).

Com o intuito de manter a vida útil das peças e a manutenção em dia, trazemos algumas dicas sugeridas pela indústria que você, mecânico, pode repassar ao seu cliente para toda ocasião em que o carro estiver sem uso por 15 dias seguidos ou mais.

Manutenção preventiva carro parado

ALIMENTAÇÃO DE COMBUSTÍVEL

A recomendação da Raízen é manter o tanque cheio durante o período em que o carro ficar parado, de preferência com gasolina ou etanol, ambos aditivados, que possuem alto teor de aditivos anti oxidantes que ajudam a conservar um pouco mais o combustível. “O combustível comum, ao envelhecer, tem maior tendência a formar gomas e vernizes que se fixam ao sistema de alimentação de combustível”, segundo o especialista em combustíveis da Raízen, Gilberto Pose. Atenção também vai para o reservatório de partida a frio para os veículos flex: a recomendação é sempre utilizar gasolina aditivada, tanto quando o uso é frequente ou durante o período em que estiver parado, para evitar o envelhecimento do combustível e a formação de resíduos que ocasionam o entupimento de todo o sistema. O ideal é que haja um consumo do combustível e sua consequente troca dentro de um determinado período, de preferência quinzenal.

Já a Caoa Chery recomenda que, no período em que o veículo estiver parado, ele seja ligado ao menos uma vez por semana por no mínimo 20 minutos, para que a bomba de combustível e bicos injetores possam lubrificar todo o sistema mecânico do veículo. Lembre-se: nunca deixe o veículo ligado em garagens fechadas. Caso o tempo de parada for superior a 90 dias, o veículo deve ser colocado em um cavalete e ter o combustível totalmente removido.

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CARGA E PARTIDA

Um dos principais sistemas do veículo, como o próprio nome já diz, é o sistema responsável por dar a partida no veículo. Possui os seguintes componentes: bateria, motor de partida e alternador. A fabricante Moura faz algumas recomendações para otimizar a vida útil destes componentes.

Se o veículo for ficar parado por muito tempo, o ideal é desligar a bateria, porém, é necessário checar as instruções do fabricante do veículo sobre quais os impactos este procedimento pode provocar. Quando a bateria é desligada, as memórias de alguns componentes podem se perder, como por exemplo, a programação do rádio, relógio e parâmetros de velocidade controlada. Caso seja seguro, este procedimento ajuda a manter a capacidade de partida da bateria.

A bateria automotiva é um produto eletroquímico que possui uma característica chamada descarga espontânea. Mesmo a bateria sem estar conectada ao veículo, ela naturalmente perde poder de partida com o passar do tempo. Quanto mais nova a bateria for, mais lento será o processo da descarga espontânea. Na prática ela suportará a carga mais tempo sem receber nenhum tipo de recarga. Algumas baterias possuem um indicador de carga na parte superior. Se este indicador apresentar a cor verde, significa que a bateria está boa para o uso. Se caso estiver preto, pode indicar que a sua vida útil está no final ou que esteja apenas descarregada. A exposição ao sol também acelera o processo de descarga da bateria. Por isso, recomenda-se deixar o veículo em ambientes com baixa incidência de luz solar.

Antes de desligar a bateria é preciso consultar o fabricante do veículo para ter certeza de que fará os procedimentos de desligamento e religamento de forma correta. Também é preciso ter muito bem guardados os códigos de acesso aos acessórios que os exigem.

Se o veículo tiver trem de força híbrido, além da bateria comum de 12 Volts, haverá baterias de alta voltagem para alimentar o motor elétrico que trabalha em conjunto com o motor a combustão para tracionar o veículo. Nesse caso, a Volvo Car Brasil recomenda que, se a carga da bateria de tração estiver abaixo dos 25%, o proprietário deve realizar a recarga até o nível próximo de 25% novamente. Ao contrário dos veículos somente a combustão, nos híbridos, não há a necessidade de realizar a manutenção da carga da bateria de 12 V, uma vez que ela se alimenta da rede da bateria de alta tensão presente no veículo.

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IGNIÇÃO

O componente principal do sistema de ignição é a vela. Este componente tem um desgaste natural, pois a cada faísca que a vela sofre, ocorre um desgaste nos eletrodos que aumenta a distância entre eles, o que exige uma maior tensão de trabalho. No entanto, pelo menos nos veículos equipados com injeção eletrônica, é um dos sistemas que menos sofre com a parada do veículo. No caso de veículos mais antigos equipados com o carburador, o nível de emissões é maior e o cuidado dever ser redobrado. “Os veículos carburados apresentam ainda outro problema, que é o uso do afogador. Isso pode levar à carbonização de velas. No caso de veículos a gasolina, e ao encharcamento, naqueles movidos a etanol”, explica Hiromori Mori, consultor da Assistência técnica da NGK do Brasil.

O professor Landulfo, que também é consultor de O Mecânico e CARRO, complementa observando que “nos sistemas de ignição mais antigos, dotados de distribuidor, rotor e cabos de vela, a imobilização prolongada em ambientes escuros e úmidos pode provocar oxidação dos contatos e terminais, o que pode trazer problemas na hora de reativar o veículo”.

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AR-CONDICIONADO

A manutenção do ar-condicionado deve ser seguida rigorosamente a fim de evitar prejuízos ao veículo e à saúde dos ocupantes. A Delphi Technologies ressalta que um dos sistemas que mais sofre com a não utilização é o ar-condicionado. Pode apresentar problemas como oxidação nas placas do compressor, ressecamento das mangueiras e dispositivos de expansão. A recomendação é ligar o ar-condicionado do veículo na temperatura mais quente por um período de cinco a dez minutos, com o intuito de eliminar as bactérias presentes nos dutos que passam pelo filtro da cabine.

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PNEUS

A recomendação para os pneus é de calibrá-los com a pressão máxima que consta no manual do proprietário. Pneus parados por muito tempo em uma mesma posição podem esvaziar e deformar, destaca a Dunlop, ficando mais conhecido como “quadrado”. Caso o tempo de parada for ainda maior colocar o veículo sobre cavaletes pode ser ainda mais eficaz. Quando voltar a utilizar o veículo é necessário verificar a pressão dos pneus novamente.

FREIOS

Freios e embreagens também sofrem quando parados por muito tempo, devido ao acúmulo de umidade, gerando ineficiência ou inutilização do sistema quando seu uso for retomado. Utlilize calços para manter o veículo parado em superfície plana ao invés do freio de mão. Isso evita que as lonas (ou pastilhas) grudem nos tambores (ou discos) devido a umidade, destaca a montadora nacional Caoa Chery.

O fluido de freio é um líquido higroscópico e absorve água do ambiente. Essa água contamina o sistema gerando oxidação e bolhas de ar, deixando o pedal do freio esponjoso. Tem a função de transferir a força aplicada o pedal para as rodas e deve ser trocado de acordo com os intervalos de manutenção recomendados pelo fabricante para evitar uma falha em casos de emergência. Se o veículo ficar armazenado em local úmido, é conveniente fazer uma exame do teor de água desses fluidos antes da reativação.

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FLUIDOS

Quando o veículo fica parado por muito tempo, os lubrificantes podem ficar mais densos e os fluidos começam a se separar, destaca a Nissan. Oriente o cliente a sempre verificar os níveis de fluidos e lubrificantes do motor, freios e transmissão. Seguir os intervalos recomendados de manutenção é fundamental. Se possível, o ideal é fazer com que todos os fluidos do veículo circulem e atinjam a temperatura ideal de trabalho, afirma a NGK.

Manutenção preventiva carro parado

LIMPEZA E ARMAZENAMENTO

Neste período de pandemia a limpeza se tornou uma obrigação para que o vírus não se espalhe por aí. A Dunlop fabricante de pneus destaca a importância de realizar uma boa limpeza do veículo, por dentro e por fora. A limpeza externa auxilia a manter o bom estado da pintura e o cuidado interno evita a atração de insetos e impede também que alguns fungos e germes possam surgir dentro do veículo. Utilize um aspirador de pó nos tecidos e nos carpetes, já no painel aplique detergente neutro. Se caso o local em que o veículo ficará parado durante muito tempo for descoberto, o uso de capas protetoras pode ajudar.

Fernando Landulfo complementa observando que o armazenamento em locais escuros e úmidos por tempo prolongado pode provocar o aparecimento de bolor no interior do veículo. “Uma exposição moderada à luz natural, pelo menos 2 vezes por semana, pode evitar esse problemas”. Já a poeira, que pode ser abrasiva à pintura, pode ser evitada com uma cobertura com material ma cio pode ajudar. “Nos armazenamentos externos recomenda-se o uso de capa, com exposição periódica a luz natural. No processo de limpeza interna, cuidado com produtos vetados pelo fabricante do veículo, para não danificar o acabamento interno”.

CAMINHÕES E VEÍCULOS COMERCIAIS

Se não estiver em uso, deve ser observado no caminhão como está o diesel, o tanque de Arla 32 e o óleo lubrificante do motor. A Shell recomenda manter a rotina normal de inspeção e manutenção de acordo com manual do veículo, verificando lubrificantes de motor, câmbio, caixa de transferência, eixos e sistemas de direção, além dos freios, filtros e fluído de arrefecimento.

O prazo máximo estipulado pelas montadoras para troca de óleo de motor, em geral, é de 12 meses, independente se a quilometragem máxima não for atingida. Veículos com maior consumo de combustível podem exigir troca de lubrificante de motor com maior frequência. Para os óleos de caixas e eixos, o prazo é de 24 meses. A empresa reforça que não se deve adicionar qualquer aditivo aos óleos lubrificantes aprovados e recomendados pela fabricante do veículo, pois o uso de tais aditivos pode influenciar negativamente as propriedades do lubrificante e causar danos no motor.

 

Por Victor Piccin

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