Conhecida no mercado de reposição pelos cabos para sistemas de transmissão com câmbio manual, a IKS chega a 50 anos de existência no ano de 2020 com ampla gama de aplicações, principalmente entre veículos de cinco a quinze anos de uso. Nesta entrevista, o sócio-diretor da IKS, Nelson Fruet, conta a história da fabricante de autopeças, comenta sobre a importância do mecânico e projeta um 2020 de crescimento, mas de trabalho árduo para tornar o crescimento duradouro e consistente.
REVISTA O MECÂNICO: A IKS completa 50 anos de existência em 2020, mas a atual administração assumiu em 1986. Conte-nos sobre os principais momentos da história da empresa.
NELSON FRUET: A IKS foi fundada em 1970 tendo como objetivo principal a fabricação de componentes para as indústrias de cabos de comando, e foi adquirida pelos atuais sócios no ano de 1986. Na ocasião dessa aquisição, o item mais produzido era o eixo flexível giratório utilizado nos cabos de velocímetro e tacógrafos, e o seu grande cliente era a VDO, fornecedora de várias montadoras nessa época. Logo em seguida, através de um contrato de comodato, a VDO repassou à IKS todos os seus equipamentos que também produziam os eixos flexíveis e a empresa tornou-se, por vários anos, fornecedora exclusiva desse produto para essa sistemista e para a maioria das fábricas de cabos de comando. No final dos anos 80, os patinetes motorizados viraram moda no Brasil e a IKS começou a produzir cabos completos para a empresa Hatsuta, à época o grande fabricante nacional desses equipamentos. No início dos anos 90, já tendo se instalado em um novo barracão próprio, construído num terreno com 25 mil m² na estrada que liga a cidade de Salto a Itu, a IKS lançou sua marca comercial e passou a fornecer seus produtos principalmente para os distribuidores regionais dos principais estados do país. Todavia, o grande marco na história da empresa se deu no período de 1997 a 98, quando adquiriu em leilão extrajudicial todo o parque fabril e também o direito de uso da marca Cablex, a grande fornecedora de cabos de comando para as montadoras nacionais, em especial para a GM do Brasil. A partir daí, e já utilizando a marca IKS Cablex, foram desenvolvidas e incorporadas ao seu portfólio de produtos as linhas agrícola, pesada e de motocicletas. A empresa também passou por processos de certificação do seu Sistema de Gestão da Qualidade e foi homologada nos grandes distribuidores nacionais, que passaram a fazer parte da sua clientela. Novas ampliações físicas em seu parque fabril foram realizadas, totalizando hoje 7.500 m² de instalações produtivas. Também nesse período foi criada uma nova empresa coligada, a Santa Luzia, que atua no segmento de componentes para bicicletas e artefatos de metal, e que também se localiza na cidade de Salto.
“(…) o segmento de cabos de comando incorporou essa grande evolução tecnológica que atingiu todo o setor de autopeças automotivas, gerando produtos muito mais confiáveis e de grande durabilidade”
O MECÂNICO: Economicamente falando, qual o balanço que a IKS faz do ano de 2019? E qual é a perspectiva para 2020?
FRUET: 2019 não foi um ano dos sonhos para o setor de autopeças, mas no caso específico da IKS, foi um ano razoável pois tivemos um crescimento um pouco acima da média no nosso segmento. No início do ano acreditávamos num aquecimento mais robusto da atividade econômica, o que gerou certa frustração no final do período. Para 2020, contamos com a continuidade desse processo de recuperação, principalmente se as reformas tributária e administrativa em discussão no Congresso Nacional tiverem um desfecho promissor.
O MECÂNICO: A queda brusca na venda de automóveis e a lenta retomada mexeu com o negócio de muitos fabricantes de autopeças. Na sua visão, como está o mercado de reposição de autopeças como um todo, atualmente? Há perspectiva de crescimento para 2020?
FRUET: A queda acentuada na venda de veículos novos gerou forte impacto nos fornecedores de produtos para as montadoras ou sistemistas. No caso da IKS, só um pequeno percentual do seu portfólio é destinado a esse segmento. O mercado de reposição continua sendo o grande foco de nossa atuação e esse impacto não teve repercussão em nosso desempenho. Como citado anteriormente, nossa expectativa para 2020 é otimista, mas um otimismo encarado de forma realista pois sabemos que após um ciclo recessivo, sobrevêm um novo período de crescimento e desenvolvimento, mas será preciso trabalhar arduamente para que esse período seja duradouro e consistente.
O MECÂNICO: Vocês produzem uma ampla gama de cabos para as mais diversas aplicações das linhas leve e pesada, moto e agrícola. Quantos itens compõem o portfólio da IKS atualmente e qual é o carro-chefe da empresa no mercado de reposição?
FRUET: Temos hoje em nosso portfólio perto de 2 mil itens, com cerca de 80% desses itens com produção ativa. O carro-chefe da empresa são os produtos para veículos leves com 5 a 10 anos de uso, com destaque para os cabos de engate e seleção utilizados nos veículos de câmbio manual.
“(…) O que adiantaria ao aplicador indicar uma marca que custasse alguns reais a menos, porém de qualidade inferior, se após um curto período o cliente retornasse à sua oficina e reclamasse da má qualidade do produto instalado?”
O MECÂNICO: A linha leve abrange muitos veículos com 10, 20 ou até mais anos de uso. O quanto essa gama representa do negócio da empresa?
FRUET: Aproximadamente 80% de nossas vendas se concentram nos veículos com 5 a 15 anos de uso, pois a idade média dos veículos que compõem a frota circulante brasileira é de 9,5 anos. Agora convém citar aqui a grande evolução tecnológica dos produtos de nossa fabricação. Costumo brincar que nos anos 90, quem possuísse em casa um martelo, uma morsa e um alicate, poderia produzir alguns tipos de cabos de comando. Não era incomum alguns proprietários de Fusca, Brasília ou Kombi carregarem cabos de acelerador ou embreagem sobressalentes nos seus veículos, pois eram produtos tão primários, tecnologicamente falando, que tinham uma vida útil extremamente curta e necessitavam de troca constante. Atualmente, o segmento de cabos de comando incorporou essa grande evolução tecnológica que atingiu todo o setor de autopeças automotivas, gerando produtos muito mais confiáveis e de grande durabilidade.
O MECÂNICO: Como a IKS identifica a necessidade por novas aplicações no mercado de reposição?
FRUET: Os produtos de nossa fabricação não possuem uma vida útil pré-determinada, como uma pastilha de freio por exemplo. Eles são substituídos por ocasião de uma quebra ou extremo desgaste. Assim sendo, eles começam a ser consumidos mais intensamente 3 ou 4 anos após o lançamento do veículo. Então acompanhamos os volumes de produção dos veículos nacionais, a quantidade dos veículos importados incorporados à frota brasileira e a demanda do mercado de reposição para programarmos os novos produtos a serem desenvolvidos.
“(…) Nossa expectativa para 2020 é otimista, mas um otimismo encarado de forma realista”
O MECÂNICO: Como a IKS atende ao público de mecânicos? Há ações direcionadas? Qual é a principal necessidade que a empresa vê nesse público que precisa ser atendida?
FRUET: Procuramos estar sempre próximos ao elo final da nossa corrente de consumo. Temos promotores de venda que estão constantemente visitando lojistas e aplicadores para apresentar-lhes nossos produtos e seus diferenciais em relação à concorrência. Esses profissionais precisam conhecer detalhadamente os produtos que comercializarão ou aplicarão, pois normalmente o proprietário do veículo não tem conhecimento técnico para fazer a opção pela marca do cabo a ser instalado. Procuramos também acrescentar informações que sejam pertinentes à rotina do seu trabalho. Por exemplo, quando o mecânico vai substituir o sistema de embreagem de um determinado veículo, aconselhamos que também seja substituído o cabo de embreagem, mesmo que ele ainda tenha um certo período de vida útil. O custo do cabo em relação ao sistema como um todo é tão insignificante que ele aproveitará melhor a sua mão de obra e deixará o seu cliente mais satisfeito com o resultado final do seu trabalho, pois com certeza lhe entregará um veículo com melhores condições de dirigibilidade. Temos também um programa de palestras técnicas voltadas principalmente para balconistas e aplicadores, que buscam apresentar e detalhar os nossos produtos, dando-lhes o embasamento e conhecimento técnico para se sentirem seguros ao indicar os nossos cabos de comando. Acrescente-se a isso também as novas ferramentas de contato imediato cliente-fábrica, como as redes sociais, WhatsApp e 0800, que possibilitam o esclarecimento de qualquer dúvida sobre os produtos de nossa fabricação.
O MECÂNICO: Na sua opinião, o mecânico tem fator de decisão na marca da peça que será aplicada no veículo?
FRUET: É claro que sim. E para convencê-lo a fazer essa opção por um produto da nossa fabricação, o profissional precisa conhecer e confiar nas suas qualidades. Temos hoje um número insignificante de devoluções em garantia e mesmo assim esses números são submetidos a um rígido processo de melhoria contínua, visando sempre oferecer ao consumidor um produto de excelência comprovada. E o que adiantaria ao aplicador indicar uma marca que custasse alguns reais a menos, porém de qualidade inferior, se após um curto período o cliente retornasse à sua oficina e reclamasse da má qualidade do produto instalado?
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